Estudo afirma que receitas de chefs são menos nutritivas do que pratos congelados. Será que a refeição preparada em sua cozinha segue a toada? Tire a prova e aprenda como escapar dos deslizes.
Recentemente, uma pesquisa curiosa chamou a atenção ao redor do globo: cientistas da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, concluíram que as comidas de quatro chefs famosos nesse país são menos saudáveis do que refeições industrializadas. Para fazer a comparação, eles escolheram aleatoriamente 100 receitas de profissionais com pelo menos um best-seller de sua autoria - Jamie Oliver, Nigella Lawson, Hugh Fearnley-Whittingstall e Lorraine Pascale - e 100 pratos prontos de três grandes cadeias de supermercados inglesas.
"Na verdade, descobrimos que nenhuma das opções atinge as recomendações da Organização Mundial da Saúde", conta Simon Howard, especialista em saúde pública e um dos autores da análise. "Contudo, as refeições congeladas chegaram mais perto dessas diretrizes do que as receitas dos chefs", completa. É que as primeiras apresentaram menos gordura saturada, calorias e açúcar, além de mais fibras. Só perderam no quesito sal - faz sentido, já que o cloreto de sódio, nome oficial do ingrediente, é um poderoso conservante de alimentos. Deve- se frisar, porém, que outros aditivos não foram mensurados, o que poderia alterar o placar tão positivo para os industrializados.
Para muitos especialistas na área, o resultado não foi exatamente uma surpresa. "Boa parcela dos cozinheiros não está preocupada com o equilíbrio de nutrientes, mas, sim, com o sabor de suas criações", reflete Andréa Esquivel, nutricionista e especialista em gastronomia da clínica Cedig, em São Paulo. O primeiro passo para evitar enganos seria incluir as informações nutricionais de cada receita nos livros. "Dessa maneira, as pessoas saberiam como manter a dieta equilibrada e os chefs seriam estimulados a incluir opções mais saudáveis em suas criações", calcula Howard.
E você com isso?
Apesar de conduzido em território inglês, esse trabalho serve para ilustrar uma realidade traiçoeira em qualquer parte do mundo: nem sempre um prato preparado na cozinha de casa, com alimentos fresquinhos, é sinônimo de saúde. "O brasileiro coloca doses generosas de sal e óleo na comida e também recorre à fritura com muita frequência. São práticas culinárias que prejudicam a qualidade nutricional da dieta", resume a nutricionista Ana Clara Martins, professora da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).
As falhas costumam começar, de fato, na escolha dos ingredientes e, claro, nas quantidades em que eles são colocados nos pratos. "Quando um paciente me diz que usa só um pouquinho de creme de leite, sempre questiono o que isso significa. Afinal, a medida caseira é algo bastante subjetivo", destaca a nutricionista e professora de gastronomia Maria Cecília Corsi, da Essencial Light, em São Paulo.
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